Um profeta a saltar-nos dentro da barriga. Por Tiago de Oliveira Cavaco.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Abandonando a Cabana

É melhor eu não continuar a escrever sobre este livro: leva-me a um estado de espírito que não pretendo patrocinar neste blogue. Posso dizer que ao fim do 13º capítulo a paciência é escassa para o concentrado de Teologia-Floribella. Quedas de água, lágrimas intermináveis, abraços ininterruptos. Um tipo fica cheio de saudades do Velho Testamento.
Um mérito de "A Cabana" é ser para esta década aquilo que "Este Mundo Tenebroso" foi há 20 anos. Com todas as ilações que se retiram daqui. Do triunfalismo hiper-realista carismático para a lamechice anti-ocidental gasosa (o curioso e até mesmo chocante é que em "A Cabana" triunfa inevitavelmente uma versão new age do evangelicalismo).
Já não me satisfaz o cinismo para demolir esta Cabana. Resta-me a tristeza por quem a edificou.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sétimo capítulo

Mack deita-se na relva a contemplar as estrelas com Deus Pai (negra anafada), Deus filho (narigudo feio) e Deus Espírito Santo (miúda oriental esvoaçante). A companhia é excelsa no seu porreirismo e surgem mais uns quantos abraços (o termo que descreve esta divindade não é complexo mas amplexo).
A insipidez teológica de William P. Young revela-se em todo o seu esplendor em frases como: "Holiness had always been a cold and sterile concept to Mack, but this was neither". Santidade como conceito frio e estéril? Uma coisa é querer parecer profundo, outra é mostrar simples displicência.

Do sexto capítulo

Para que os meus amigos não digam que sou bruto deixem-me partilhar uma positiva perplexidade com o livro: na ansiedade de parecer à frente, modernaço, heterodoxo, William P. Young faz um serviço inesperado à ortodoxia cristã que é defender a Trindade. Isso não o iliba de se seduzir por frases que procuram efeito, clichés desmontados por clichés ainda piores (pensava que esta história do sexo de Deus tinha morrido na década de 70) e momentos de refinada piroseira (por cada verdade teológica que aprende o protagonista, Deus, em forma de matrona afro-americana, dá-lhe um abraço e limpa-lhe as lágrimas do rosto).
Acho que todos devem ler este livro. Há umas quantas frases que valem a pena. Em todo o resto é uma lição de como a falta de estilo literário e a pressa em levar a avó para a discoteca subjugam a literatura evangélica aos fogachos da época.

Demolindo a Cabana

Céus. A coisa acabou de azedar. Terminei o capítulo 5, adormeci no sofá e faço-vos o relatório. De uma história de contornos policiais passámos para um apedrejamento à velha capela da aldeia. William P. Young está ansioso em partilhar os seus ideais, algo algo que costuma arruinar livros (sem distanciamento não há criatividade, há recados). A acção despenhou-se para a inverosimilhança. Os cristãos têm uma tradição fantástica imensa (Chesterton, Tolkien, Lewis, apenas nos últimos 100 anos) mas o que aqui se iniciou é uma pressa imagética disparatada para efeitos de apelo. Um homem regressa ao local onde a sua filha foi assassinada para encontrar Deus em forma de três pessoas não-ocidentais. "Why had he naturally assumed that God would be white?", pergunta o narrador ofegante. Tenha calma homem que ainda nem a metade chegámos, apetece dizer ao arquitecto alucinado.
Que quem gosta do livro indique que ficou a pensar sobre Deus de um modo diferente só pode ser um eufemismo acerca da nossa condição teológica turística. Já estive em parques de campismo melhores que esta cabana.
Avante na leitura!

Na Cabana

Estou em imerecidas férias no Algarve. Ontem comecei a ler o "The Shack", o tal livro evangélico que tem dado polémica. Posso adiantar que os primeiros quatro capítulo se leram a bom ritmo. Não é especialmente bem escrito mas até agora está a correr bem. Vou actualizando.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Anjos e demónios

"It’s a message perfectly tailored for 21st-century America, where the most important religious trend is neither swelling unbelief nor rising fundamentalism, but the emergence of a generalized “religiousness” detached from the claims of any specific faith tradition" escreve Ross Douthat no New York Times acerca da visão religiosa de Dan Bronw presente nos seus livros.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Da má lágrima

Uma sedução perigosa para nós evangélicos, crescidos na importante ênfase do relacionamento pessoal com Deus, é confundirmos subjectividade com exibicionismo. Falarmos de nós próprios, essencial na comunidade cristã, não pode ser um passaporte para a falta de pudor. Uma liturgia em que as pessoas se apressam à confissão, ao choro e se envaidecem numa transparência oral supostamente libertadora presta um mau serviço à fé. Confunde comunhão com espectáculo.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Oitavas

Theo Obson sobre Henrique VIII: "never has tyranny had such good long-term consequences. By removing papal authority, and yet refusing to import the systematic Protestantism of the reformers, he enabled a uniquely gradual religious revolution, which inhaled the air of humanism more deeply than any other. A nationalised Church, which floated free of any foreign theological orthodoxy, was just the right soil for a new sort of liberal Protestant culture, that slowly but surely emerged over the following centuries."

Os Baptistas, que decidem sair da Igreja Anglicana, devem ir lembrando estas coisas.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sobre os mortos

Ao ler o número de Abril da First Things dedicado à vida de Richard John Neuhaus pergunto-me a importância que damos a homenagear aqueles que deram a sua vida pelo Evangelho. Quantos morrerão no nosso meios sem que vejam reconhecida pela comunidade cristã o valor da sua vida na defesa da mensagem de Cristo? Não se trata de culto dos mortos mas de gratidão e apreço por uma memória feita de exemplos visíveis.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Right now

Andrew Jones, um dos nomes do Movimento Emergente, está em Portugal.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Saímos humildes

Por causa de um artigo que preparo para a Ler vou no segundo livro de História do Cristianismo, após dois mais específicos sobre Papas. Tão surpreendente quanto fascinante, esta informação que nos leva às raízes de quem somos. Saímos humildes.