Um profeta a saltar-nos dentro da barriga. Por Tiago de Oliveira Cavaco.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Docs

Fez ontem uma semana que este documentário passou no Canal 2. Hoje, quando os evangélicos aparecem nas câmaras do mundo o mal-estar instala-se. Entre os evangélicos. Do orgulho exacerbado à vergonha mal-resolvida numa geração apenas. É verdade que existem momentos constrangedores (como o de Ted Haggard a descrever as maravilhas da vida sexual dos evangélicos, pouco tempo antes de se saber do seu caso de envolvimento em prostituição masculina e drogas) mas isso não explica a actual vertigem recalcada.

3 comentários:

  1. Olá, Tiago

    Bem, não me parece que a queda - seja hipócrita e voluntária, seja fraca e involuntária - de um evangélico deva ser causa de constrangimento (mesmo que no momento televisivo, psicologicamente o seja ;) Essa parte publicitária, vi-a como um momento de humor, houve até um dos inquiridos pelo Haggard que disse que “o” fazia 4 ou 5 vezes por dia, algo assim; porventura uma boca pouco esclarecedora, e quiçá até pouco esclarecida, da “castidade católica”; ou então comprovação de milagre evangélico LOL Eu senti-me mais constrangido com o sorriso pepsodent do Haggard, por consonância com a actividade televisivo-parlamentarista do evangelismo americano. Tal deve-se à minha ignorância sobre o assunto, que ando a ver se colmato; mas o documentário pareceu-me feito para quem já esteja bastante a par dos contextos históricos e actuais, talvez tivesse apenas como público-alvo os próprios americanos, ou os evangélicos que, et pour cause, estarão evidentemente mais dentro de tais contextos do que eu; também me pareceu, em certos momentos, ser feito para reduzir o evangelismo americano a tal salganhada política, quiçá por motivos ideológicos ou parlamentares, não sei… Seja como for, não me pareceu de todo um bom documentário, é mais uma notícia de telejornal alargada, com muito pouca investigação prática e teórica. Ou então era eu que estava cansado, pois eram já onze e tal da noite ;)

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. O erro começa na permissa de fazer um documentário sobre o 'evangelicalismo' - algo tão compreendedor e infindamente diverso. Os autores não tiveram sequer noção da dimensão do objecto de estudo, ou então meramente o reduziram ao ponto dum estereótipo cultural para fins propagandísticos óbvios, do género: fundamentalista bíblico + republicano + burguês + branco + patriarca + perseguidor de minorias + megalomaniaco religioso = evangélico.

    Um equivalente que me surge agora seria o de elaborar uma reportagem sobre a 'cultura indiana' e concluir que todos comem caril.

    ResponderEliminar
  3. Vi a segunda metade do documentário nesse dia, e, uns dias depois, apanhei-o outra vez na mesma metade… Para além das generalizações do costume, como diz o Nuno, fiquei com sensações contraditórias desta meia-dupla visualização. Por um lado, pela negativa, alguma falta de modéstia e recato, que sempre foram virtudes evangélicas; por outro, pela positiva, a força e a multiformidade dos evangélicos, que os torna difíceis de domar.

    ResponderEliminar