Um profeta a saltar-nos dentro da barriga. Por Tiago de Oliveira Cavaco.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Vai valer a pena

Ouvir o que um Pastor Baptista e um Católico Praticante têm a dizer sobre o assunto.

2 comentários:

  1. Fixe fixe era não haver só divulgação mas também reacção ao que foi lá dito :)

    Não pude ir mas gostava imenso de ter o feedback :)

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  2. Eu estive lá, e embora com a memória um pouco turvada pelos dias que já passaram sobre o acontecimento, vou tentar uma síntese telegráfica e inexacta.

    O pastor Tiago Oliveira foi quem interveio em primeiro lugar, pareceu-me que a linha de força da sua intervenção se centrou de certa forma nos limites do pluralismo, ou seja, até onde se podem tentar conciliar as várias correntes dentro do cristianismo. Falou de como a palavra tolerância parece ser abusada nos dias que correm, como que tentando homogeneizar conceitos e opiniões à força. Tocou ainda no ponto do laicismo do estado, indicando que este suposto laicismo estará a ser usado no sentido de limitar o âmbito de intervenção das crenças na discussão dos temas da sociedade.

    O pastor defendeu que devem pura e simplesmente ser reconhecidos e aceites limites às tentativas de conciliação e entendimento das correntes religiosas, aceitando-se que existem pontos onde o entendimento é simplesmente impossível.

    Mais tarde o pastor demonstrou também a sua descrença na possibilidade de existir alguém verdadeiramente imparcial, em resposta a uma pergunta, aceitando mesmo que essa seria uma afirmação complicada face ao seu próprio papel como pastor de uma comunidade(com o dever de tentar ser imparcial perante as suas ovelhas). A pergunta versava sobre a possibilidade de existir um diálogo entre crenças em que os dois lados se predispunham a ouvir de forma empática, pondo-se no lugar do outro, tentando um interlocutor compreender os pontos de vista do outro. Neste contexto pareceu-me a resposta do pastor uma reafirmação de que existem de facto aspectos irreconciliáveis na visão das várias crenças, e que esses aspectos não são discutíveis.

    Lamento muito, mas lembro-me muito pouco da intervenção do Filipe Costa Almeida, para além da anedota inicial de que teria aceite de bom grado ser o convidado ideal para tratar do tema, apesar de ser em quinta escolha(isto foi no fim desmentido pelo Tiago Cavaco). Pareceu-me uma intervenção um pouco desconjunta e sem uma grande linha de orientação - mas talvez tenha sido minha a falha de atenção, se alguém lá esteve mais, corrija-me por favor. Ficou-me na memória a resposta à pergunta já mencionada sobre a possibilidade de existir uma tentativa de empatia, sem se partir por princípio para a discussão dos aspectos divergentes ou comuns entre as crenças. Na sua resposta, Filipe Costa Almeida referiu que essa empatia, esse entendimento, não é o objectivo do diálogo inter-religioso, mas sim a busca da verdade. Isto para mim resume a sessão: Falamos de fé, não de discussão racional, logo dialogar para quê? Vamos procurar a verdade sem que um interlocutor tente convencer o outro da sua própria visão da verdade? Parece-me o diálogo bastante enquinado logo de início. E daqui me fica a sensação geral de que o cristianismo será mesmo esse pluralismo de vozes de babel, desesperadamente e definitivamente incapazes de se entenderem.

    Existiram outras questões, não deixando de se cair no tema do momento, que é o casamento gay, e uma muito breve partida de pingue-pongue baptisto-católica, com o Bento XVI pelo meio.

    Espero que esta síntese manca de rigor espevite outros presentes para colocarem as suas próprias sínteses, pois eu próprio pretendo lembrar-me e registar melhor o que se passou nesta sessão.

    A próxima será sobre a música e o céu, e espero que seja muito interessante, quanto mais porque vai ter o João Lisboa, reputado jornalista musical, cujo livro «superstars, andy wharol e os velvet underground» foi de grande influência para mim, sendo que a sua importância para a educação musical de muitos não se fique por aqui.

    Eu dou já o mote para a sessão:

    «Heaven, heaven is a place, where nothing, nothing ever happens»

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