Um profeta a saltar-nos dentro da barriga. Por Tiago de Oliveira Cavaco.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Entre católicos

Na semana passada fui convidado a falar na Unidade Pastoral da Estrela (que aglomera três paróquias) sobre a Carta aos Filipenses com o Padre Miguel Almeida, jesuíta. Chovia e a palestra começava às 21.30h. Esperava, quando muito, uma dúzia de pessoas. O auditório estava cheio com gente sentada no chão. Seriam à volta de cento e muitas, duzentas.
Uma lição de humildade para mim, protestante vaidoso e com a mania que a Palavra é, sobretudo, nossa.

35 comentários:

  1. Ultimamente tenho lido e comentado o blogue de um padre que deves conhecer "Confessionário de um padre", e nem imaginas como tenho ficado espantada com a quantidade de católicos fervorosos na sua fé que existem, e na quantidade deles que fazem questão de mostrar ao mundo o seu Deus e aquilo em que acreditam.

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  2. Vão ter que ter fé fervorosa em mim quando vos digo isto, mas não é por prazer cínico que vos afirmo que também já vi ateus materialistas/naturalistas com uma fé fervorosa que não imaginam.

    Mas sim, há bem a reter de Roma. Actualmente há uma elite católica em Portugal que se vê curiosa por esse livro exótico que é a Bíblia. Isto talvez por remissão feita por Dan Brown e Dawkins. Quanto a mim, não há qualquer problema: toda a desculpa para escutar o Evangelho é boa.

    Mas atento apenas para uma desconfiança sempre sincera: não nos desvalorizemos, enquanto povo do Livro, perante os contactos tímidos e, em comparação, parcos dos romanistas (etc) com a Palavra.

    Também sonho com a redenção de Roma muitas vezes. Mas depois desperto com o som das velas da procissão que aterrorizou Isaías.

    §

    SOLI DEO GLORIA

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  3. Eu gostaria apenas que não houvesse tanto preconceito, de parte a parte. Sou uma cristã que poderia não ser católica se tivesse visto da parte dos protestantes algo melhor.
    Venho aqui muitas vezes, e entre coisas que não entendo e coisas que me parecem certas, leio também algumas que não lembram ao diabo.
    (A título de exemplo, já li no Pranto e Ranger de de Dentes, alguém defender a pena de morte. Aterrorizador, digo eu.)

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  4. Talvez esteja relacionado com o facto de os católicos levarem a catolicismo a sério; e os protestantes o protestantismo.

    E nem tudo é pré-conceito, acredita. Há quem saiba do que fala, e di-lo por pós-conceito. É sempre preferível o segundo, para, por exemplo, poder defender ou reprovar a pena de morte (com que também concordo).

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  5. Tudo não passa de desabafos de religiosos, sejam eles protestantes ou católicos!
    Lembrem-se que Jesus só criticou a religião do seu tempo. Depois de ter traído Jesus e se ter arrependido Judas voltou-se para a religião mas esta abandonou-o. Não justifico a atitude de Judas. Mas a atitude dos religiosos do seu tempo é repugnante!
    Jesus não veio para os justos mas para os pecadores. Ele veio por causa de MIM e é por isso que Ele, e só Ele, é tão importante para mim!!!

    Tiago, o nome do seu blog acaba por ser tão enigmático como o outro!

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  6. Lavrador, vá ler o meu primeiro post, homem!

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  7. Essa é a ironia dos nosso tempos, caro Lavrador: que a repugnância seja suscitada pelos justos e os pecadores ganhem uma espécie de orgulho por pecarem. Se bem entendo o que escreve, descreve a minha atitude enquanto desabafo de religioso. Pois bem, é o que eu sou. Um religioso carente da graça de Deus. Já dos pecadores que estão acima do pecado da religião, desconfio. Estão sempre ansiosos por afirmar que Jesus é só importante para eles.
    Talvez esteja a ler mal as suas palavras. Mas que elas soam a neo-farisaísmo-anti-fariseu ai isso soam.
    Estimada Alecrim: o que tem o nu a ver com as alças? Muitos cristãos defendem a pena de morte (eu ainda não sei se sou um deles mas ando a pensar seriamente nisso). Estão excluídos da sua garantia de autenticidade cristã por isso? Conhece a história desta discussão no seio da sua própria igreja? Ou veio só a atalhar para apresentar os seus pós-conceitos modernos?
    O meu post parece-me razoavelmente honesto. Pena que suscite imediatamente a superioridade moral de quem nunca se descobre vaidoso.

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  8. "O nu a ver com as alças" fez-me sorrir. :)

    Eu não tenho a facilidade de argumentação que o Tiago tem, e também não sou tão culta. As minhas opiniões parecer-lhe-ão sempre superficiais, e se calhar são mesmo.
    Mas do meu ponto de vista um cristão não pode defender a pena de morte. Não conheço a discussão em torno do assunto no seio da igreja católica. Também não sou exactamente católica. Sou desalinhada.
    E vaidosa, q.b. E preconceituosa, também.
    E muitas coisas más. E outras tantas boas.

    Tiago, admiro-o pela sua inteligência, pelo dom da palavra, e pela simplicidade que vejo em vídeos como aquele que passou na Sic. Mas acho alguns dos seus textos tão distantes dessa simplicidade... fico confusa, é tudo.

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  9. Eu sou uma das católicas que estava em Santa Isabel sentada no chão.
    Também partilho da confusão da Alecrim com a falta de humildade que encontro por vezes no blog (mas que não chega a ser irritante, é o o que é, falta de humildade. Paciência. Acho que por vezes até é meramente uma questão de estilo) e que é tão contrastante com a atitude simpática e quase discreta do vídeo da SIC e da palestra (de que gostei mesmo muito) em Santa Isabel.

    Aquilo de que tenho pena é encontrar aqui, depois do post tão adequado do Tiago, as frases tão pouco simpáticas do Nuno Fonseca, a referir ironicamente "uma elite católica em Portugal que se vê curiosa por esse livro exótico que é a Bíblia" (Brrrrr! que irritante!) ou os "contactos tímidos e, em comparação, parcos dos romanistas (etc) com a Palavra". Uma pessoa perde logo a vontade de se aproximar, caramba! Isso é que é preconceito e complexo de superioridade!
    Toda a minha vida fui incentivada a desenvolver um contacto profundo com a Palavra e nas paróquias por onde passei nenhum contacto foi tímido nem a Bíblia foi vista como um livro exótico. Essas falácias ad hominem e essa linguagem preconceituosa em nada ajudam o mundo de hoje a aproximar-se de Deus, nem os homens que O buscam a aproximarem-se uns dos outros.

    (por último, em sintonia com a questão da pena de morte suscitada aqui pela Alecrim, está a perplexidade que senti ao encontrar um post na vozdodeserto em que o Tiago mostrava excitado uma t-shirt de propaganda ao exército israelita. Não esperava esse fervor bélico... nem o compreendo)

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  10. JR,

    Vou ser directo. Se há ponta de seriedade na aproximação aos protestantes que intenta - como eu esperanço que haja - decerto que o meu alegado preconceito e arrogância não será impeço para que continue a sua cruzada tolerante, assim como a sua demanda pela aproximação à Escritura.

    A mesma Escritura, note, que fala em não julgar 'segundo a aparência, mas segundo o juízo recto' (inclui estilos prosaicos), e em não tirar ciscos no olho do irmão, quando tem troncos alojados na própria pálpebra. Ou julga que a maior arrogância não é a de apontar a arrogância dos outros (subentendendo assim superioridade na arte da humildade) e os preconceitos de quem não conhece sobre o que ignora (a própria definição de preconceito)?
    Pelo menos não a julgo ou acuso de coisa alguma, nem que afastará homem algum de Deus - a menos que esse homem precisa duma mera desculpa humana para não se aproximar.

    Continue a ler a Bíblia na sua paróquia (ou noutra), que só lhe faz bem. Saberá reconhecer mais cristãmente a santa humildade, ao ponto de nem se lembrar o que é a paganíssima arrogância (mais ainda a de ir descobrir arrogâncias nos outros). Também de perceber por que muitos há, que lendo o Velho Testamento percebem que Deus ordena penas de morte e fervores bélicos.

    Ganhe santo orgulho pelo Evangelho, caríssima Senhora!

    §

    SOLI DEO GLORIA

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  11. Olá. Acompanho este blog "via" Tiago Guillul. Mais do que gostar, admiro a música que faz.
    No entanto partilho do sentimento dos dois comentários mais recentes : confusão. O que tenho lido neste blog e noutros similares é uma certa "arrogância" e pretensa superioridade intelectual. O comentário do Nuno Fonseca então é um must, entre outras coisas já citadas "também sonho com a redenção de Roma." Que é que isto quer exactamente dizer ? Sentimento de superioridade ? Presunção e água benta, cada qual toma a que quer...
    A música do Guillul e todo o movimento que em torno dela gira despertou-me também a curiosidade sobre um outro ponto de vista que não o meu, em termos de religião. Vale que contribuiu para me sentir melhor como cristão católico.
    A questão da pena de morte, apenas digo que sou contra, sem mais comentários.

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  12. Me,

    Vá lá, um esforço. Fala com protestantes. Contra o quê protestaram eles? Mais um esforço: é arrogância medirmos a nossa cristandade pela forma que ela se expressa na Palavra de Deus? Porque é este o nosso ângulo.

    Repare que quando o próprio Papado ordenou cruzadas e penas de morte, fê-lo sob autoridade bíblica. Mas aí não se considera arrogância. E aí concordo eu. E você?

    Pense bem nisto.

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  13. Como já sei o que se seguirá, adianto isto: se entre nós há que desejam ser santos perante o Senhor, independentemente da Sé donde o façam (Roma ou Escritura), devem perceber isto: que a procura de humildade começa pelo abandono da pretensão de a ter. Saibam dizer, com Jesus, que bom só é o Senhor.

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  14. Caro Nuno,

    Apenas expressei a minha opinião, já que me é permitido. Apenas acrescento que não aprecio fundamentalismos, sejam eles católicos, protestantes ou de qualquer outra ordem. Acrescento também que que estamos no Seculo XXI.

    Pense bem nisto.

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  15. Caro Me,

    Pensei sobre isso. E concluí que, da mesma forma como tem você o direito de não apreciar fundamentalismos católicos ou protestantes, também eu não sou obrigado a apreciar o seu fundamentalismo pessoal e individual, e que o/a impede de dialogar aqui ou no século XXI.

    Ainda há pouco me questionava a humildade e agora já subentende que não vivo no meu tempo porque não concordo consigo. Está a ver como esse equilíbrio de apontar arrogâncias e proclamar humildades é difícil de manter?

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  16. Nuno Fonseca,

    Não me parece que o/a Me esteja a ser fundamentalista nem a impedir o diálogo. Você diz que "quando o próprio Papado ordenou cruzadas e penas de morte, fê-lo sob autoridade bíblica" e ele simplesmente expressa o facto de exemplos desactualizados que, hoje em dia, felizmente, são considerados tristes momentos da nossa História, não fazerem sentido numa discussão do séx. XXI. Não o acusou de não viver no seu tempo. Discordou simplesmente de si, ao considerar que sim, as cruzadas e episódios afins foram manifestações de profunda arrogância, de que não nos orgulhamos, e alegra-se com o facto de ideologicamente já vermos as coisas de outra forma.
    Acho que a sua agressividade é que não nos deixa discutir e lamento-o.
    E quanto à sua resposta ao meu comentário, só confirma aquilo que escrevi acima e a minha opinião sobre o tom com que a sua discussão se desenvolve.
    Acho que não temos sequer um "common ground" com base no qual começar seja que diálogo for. As minhas premissas e as suas, pelos vistos, não no lo permitem. Porque a base para mim é a de que somos irmãos e estamos todos em busca. E ninguém pode ter a certeza de ter a verdade no bolso. Porque a verdade da própria Bíblia depende da graça que podemos ter ou não, de a saber ler, interpretar, viver, assumir, incorporar em nós. Tudo isso mediante o critério do Amor. Até a Bíblia pode ser um perigoso instrumento se for mal utilizada.
    E não concebo a minha missão como um hastear de bandeiras e de muros: nós "versus" eles, os-da-fé-recta-e-ortodoxa "versus" os outros, perdidos, incoerentes, medrosos.

    Gostava de saber o que tem o Tiago a dizer sobre isto tudo.

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  17. Caro Nuno,

    Tenho pouco de arrogância e muito de humildade, mas obviamente não vou aqui discutir isso consigo. Dirá o mesmo da sua pessoa, com a razão que também lhe assiste . E está tudo bem, no hard feelings.
    Como escrevi no 1º comentário despertei para um outro ponto de vista que não o meu, em termos de religião. Muito embora tenha amigos protestantes, o tema nunca se desenvolveu. Mas pode ser que se desenvolva, será porventura terreno mais fértil.

    Talvez seja o impacto dessa diferença que, segundo me diz, me leva(a mim e às outras pessoas que comentaram, talvez ?) a tirar conclusões erradas. Talvez, mas sinceramente não me parece.

    Note no entanto, que foi só uma opinião, não o julguei.

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  18. Cara JR,

    Não me pode acusar de impedir o diálogo quando são exactamente vossas excelências de dialogar convosco devido a repulsa que têm de mim. Eu digo e repito: estou aberto à conversa. Se as chagas verbais do leproso necessitado graça que sou vos chama ao vómito, peço que tenham comigo a santa ousadia de Jesus em curar-me, e não o zelo higiénico e seguro dos fariseus em deixar-me vítima da minha enfermidade.

    É que, à parte de common grounds possíveis e impossíveis, quer gramaticamente quer cristãmente, é impossível mostrar-se humilde ao apontar arrogâncias alheias, subentedendo que a tem, e em abundância em relação aos outros. Logo quando se empresta ao trabalho de ir a blogues condenar os seus irmãos mais fracos na humildade pelo seu estado fundamentalista e impróprio para o séc XXI. Um tanto ou quanto inquisidor.

    E a propósito de humildade, clamar arrogância da parte de quem concluiu que o encontro com Jesus pelo Evangelho ditou o fim, sim, o fim da busca espiritual, é não compreender que toda a glória reside em quem encontra o pecador: Cristo; e nada no homem - que coisa alguma poderia fazer para o encontrar.

    Agora decida: ou é arrogância dizer que se achou a Verdade porque a Verdade o achou, e por amor dos outros a proclamamos aos mais, ou pode ser que se é movido pelo amor de que a JR fala.

    E na questão da postura de combate, lembro à JR, à Me, etc., que é incoerente acusar os outros de não darem a face pacificamente, quando se é o próprio que investe a lambada (ex: ir a blogues alheios dizer que tal é isto e o outro, e quem o diz é humilde, verdadeiramente amoroso, e na vanguarda piedosa do séc. XXI).

    [NOTA: Segundo a infalibilidade papal, quer as cruzadas e os mais erros que subentender não foram erros. Com isto pretendo apenas suscitar maior estudo destas temáticas que não são tão simples como as queremos. Há prós e contras, amigos]

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  19. Cara Me,

    Vou ter tudo o que disse em conta. Mas, fora de brincadeiras, não vê mesmo nenhuma contradição neste tipo de declarações?:

    'Tenho pouco de arrogância e muito de humildade'.

    É que não quero dar-me a subentendidos, e até gostaria de concordar com a sua humildade afirmada.

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  20. Você também está num blog alheio a mandar lambadas, Nuno.

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  21. Eu estou a responder, Jr. Ainda me dou à necessidade moral de o fazer.

    Já agora, quais foram as minhas acusações?

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  22. Caro Nuno,

    Fora brincadeiras, reafirmo : tenho pouco de arrogância e muito de humildade, de resto pode subentender o que quiser, esteja à vontade. Eu também a cada resposta sua mais me convenço da fiabilidade das minhas primeiras impressões e mais a mais poderei estar errado. O que não me impede de estar aqui a trocar lambadas consigo, num blog que ao que julgo não é seu. Muito menos me causa repulsa.
    E faça-me um favor, não fique a pensar que achei por bem o que os sucessivos papas ordenaram e advogaram em nome da Bíblia. Ou estará a pensar que eu aprovo as cruzadas, inquisição e afins só porque sim ? Também pensará o senhor que abomino o uso do preservativo ? Engana-se. É que eu vivo no Séc.XI.

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  23. Me,

    Vou explicar-me melhor: o ser-se humilde - isto é: não fazermo-nos mais do que somos, livres de pretensão ou arrogância - invalida, por esta definição, dizer: sou humilde; ou pior: sou muito humilde. Porque é contraditório. Repare que implica a questão: então tem você a pretensão de ser humilde; e mais que outra pessoa que não o senhor?

    Mas não vou discutir a sua abundância de humildade. Quero só que compreenda que há incoerência na pessoa humilde que o diga.

    O melhor a fazer é assumir a posição de Cristo e afirmar convictamente: ninguém é bom, senão Deus.

    Quanto à questão papal, só a levantei para que compreendesse que as nossas mentes pós-modernas e do séc. XXI - que compreenderam a injustiça de menosprezarmos as manifestações culturais de pessoas de cores de pele diferentes - também não devemos incorrer na intolerância fundamentalista de censurarmos pessoas de eras diferentes (ou, pelo menos, assim sem mais nem menos).

    Não me importo que seja contra a pena de morte e que lhe repugnem a inquisição e as cruzadas. Faz bem - e até pode ter razão e eu não. Mas tem que fazer o esforço - que uma mente desenvolta do séc XXI está pronta a respeitar - de pesar o outro lado da questão; nomeadamente, o que disseram os cristãos também católicos-romanos como o senhor - e católicos fora de Roma - sobre a pena capital e guerra justa.

    Eu consigo compreender porque motivo é um cristão pacifista e contra a pena de morte. A maior parte dos que aqui comentaram disseram que não sabiam por que haverei eu, o Tiago, os papas passados, etc, de crer o oposto. Com isto vos peço o seguinte: procurem saber porquê. Justo, não?

    Mas adianto isto: nenhum dos fundamentos é o prazer de perseguir a matar homens.

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  24. Nuno,
    Assim já me parece que falamos a mesma língua. Tenho todo o gosto e interesse em perceber o porquê das posições com que discordo.
    No entanto, aquilo que me atiçou e me levou a comentar "contra si", foi o tom provocatório, e nada propenso ao encontro, dos seus comentários. É fácil agora dizer que temos de estar abertos a compreender os outros lados da questão. Mas ao escrever, você começou por ironizar acerca dos "romanistas" e da sua ignorância bíblica, e dos sonhos de redenção que tem para nós. (como se todos nos identificassemos com Roma!). Foi acrescentando que eu e os outros devíamos "perceber isto:", mandou-nos "Pensar bem" naquilo, ir estudar a Bíblia, ganhar orgulho nela, e outros superiores conselhos que tais.
    Acho que não é assim que se abre o diálogo. Isto é mais parecido com uma peixeirada estilo "prós & contras".
    E já que estamos num dia novo, bom dia.

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  25. Bom dia, então.

    Por vezes lê-se mais do que é escrito. Sonho com a redenção de Roma. E de Genebra. E de Constantinopla. Todas as coisas serão um dia redimidas ao Senhor, e até a Igreja deve ser renovada para resistir às portas do Hades, não importa a Sé.

    Sofro com a idolatria que vejo no catolicismo-romano, mas também entre os evangélicos. E a maior é esta: construirmos um deus à imagem e semelhança dos nossos desejos, realizações e fraquezas.

    Jesus Cristo tem voz própria, e não pode ser descaracterizado pela opinião de todo e qualquer homem. Ele esteve entre nós, disse 'EU SOU', e 'tocai nas minhas chagas', e depois ascendeu ao Pai, donde nos olha. Deu-nos a Sua Palavra para que todo o que nEle crê O conhecesse pelo Evangelho. E é este Cristo que todos devemos amar - o que O é.

    §

    SOLVS CHRISTVS

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  26. a palavra é sobretudo vossa? Calculo que estejas a falar do Ordet, o filme. Só pode ser isso.
    abraço

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  27. Saudações, amigo.

    O rudimentar da história da igreja até mesmo de base secular dir-te-á que a Sola Scriptura é um exclusivo dos Reformados. Não é que a Palavra seja a autoridade entre os católicos-romanos e ortodoxos do oriente, ou eles a reputem acima dos seus catecismos e encíclicas. Ou é? Elucida-nos.

    Depois tens toda a alfabetização da Europa pós-renascentista, o discipulado bíblico reformista e o mandato da leitura devocional entre os protestantes. Basic stuff, Ente Lectual.

    Sê benvindo à conversação interconfessional e não-ecuménica (de forma ser respeitosa).

    §

    SOLI DEO GLORIA

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  28. A última coisa que desejo é mostrar ingratidão com o modo como me recebem. Nessa medida custa-me olhar para a surpresa com que alguns leitores lêem as minhas posições éticas ou estilo da escrita. Mas de modo algum posso comprometer as minhas convicções por uma hipotética imagem popular que granjeei. É injusto, sob uma imagem de convivência ecuménica em diálogo elevado, tornarmos inválidas as ideias dos outros só porque nos são estranhas (e aqui qualificam-se a defesa de Israel e a questão da pena de morte). Estaremos dispostos a sequer conceber como válidas estas posições? Ou lançamo-las à priori para a reciclagem contemporânea de quase 20 séculos de história do Cristianismo? O Século XXI, a modernidade e companhia, sendo valores importantes, apequenam-se quando pela leitura da Bíblia nos encontramos perante maiores coisas como a fidelidade ao compromisso cristão. Mal da nossa fé se depender de audiências. Que a minha simpatia não atrapalhe a humildade e firmeza com que creio.
    Quem aqui se surpreende deve fazer o esforço de descobrir vida para além da sua própria opinião (a alternativa é encontrar-me incorrigivelmente errado). Às vezes mais vale pecar por zelo que por simpatia.
    O meu abraço a todos.

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  29. Este último comentário faz todo o sentido para mim, Tiago. De facto, tenho tendência a considerar inválidas as ideias que não encaixam nos meus conceitos. E - concordo - não é justo.
    Um abraço, com respeito, julgando eu que muito mais é o que nos une do que o que nos separa.

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  30. Obrigado, Alecrim. Tive este comentário escrito uma semana no meu caderno e sempre com pouca convicção que pudesse ser bem entendido. Ainda bem que pôde.

    Tiago Cavaco.

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  31. A senhora Ana Rute Cavaco tem alguma procuração para escrever em nome do senhor Guillul?

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  32. Obrigada, Tiago, pela ponderada e honesta resposta. Era o que eu esperava.
    Se mesmo depois de encontrar no seu blog algumas posições com que não me identifico, continuo a vir cá espreitar e fui a Santa Isabel ouvi-lo, é precisamente porque aceito a diferença. Há opiniões que "não comprendo", como disse, mas é claro que não espero da sua parte uma atitude de conciliação e de opção pelo "politicamente correcto", em detrimento daquilo que considera ser a Verdade.
    "Mal da nossa fé se depender de audiências". Concordo e percebo muito bem o que quer dizer.

    Encontramo-nos no nosso modo de dicordar e nos fundamentos que nos levam a crer em determinadas posições.
    Acho esta atitude completamente diferente das outras que aqui critiquei e que, a meu ver, ainda têm muito a aprender.

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  33. Caro Tiago,

    Embora continue a não partilhar dos seus pontos de vista e a não gostar do "tom" da sua escrita, é com agrado que leio a sua resposta e constato a sua forma digamos que alargada de ver o mundo.

    Quanto ao resto, keep on rockin' de preferência num mundo livre.

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